domingo, 5 de maio de 2013

Pode ser...

Aconteceu em uma manhã de um belo domingo do mês de maio.
Sônia, uma mulher decidida e indiferente, era uma pessoa que policiava os seus sentimentos o tempo inteiro.
Não se permitia demonstrar o quanto era apaixonada pelas pessoas conhecidas, familiares e nem tão conhecidos assim.
Aos animais, demonstrava afeto e cuidado. 
Então, logicamente que, se uma pessoa é capaz de demonstrar afeto para os animais certamente é afetuosa com as pessoas também. Esse era o meu pensamento e diante dessa convicção, Sônia era o meu alvo de observação.
Um dia, Sônia passava diante de mim com o pensamento tão distante que sequer lançava-me o olhar para um simples cumprimento. 
No outro dia, bastava um simples "Olá" para que o seu sorriso fosse irradiante, porém sem chance de qualquer tipo de diálogo.
Novamente eu pensava: Será que na época em que meus avós moravam naquela cidadezinha as pessoas eram tão indiferentes assim? Será que eles mudavam de humor como se toma um copo de água? Será que meus avós cumprimentavam os conhecidos agora e logo faziam de conta que não os conheciam? O que mudou? O que se perdeu? 
E, cada vez mais, eu tentava fazer uma ligação entre o comportamento de Sônia nos dias atuais e nos tempos dos meus avós.
Se a Sônia precisava de um favor? Ahhhhhhhhhhhhhh, não existia pessoa melhor. Delicada, meiga até conseguir o que queria. Conseguindo, tudo voltava como era antes: um dia olhar distante, no outro um sorriso irradiante.
Uma vez ouvi alguém dizer que as pessoas possuem certos comportamentos para se defenderem. 
Defesa? Defesa de que? De um cumprimento? Pode ser...

Ligiane Scotti