quarta-feira, 6 de março de 2013

A necessidade de usar a tradução


 Apesar dos diversos métodos apresentados não favorecerem o uso da tradução como ferramenta útil em sala de aula, vários teóricos a consideram não só de utilidade como também de necessidade. Segundo Albir (1998), a tradução é mais que um processo de transferência de palavras. A tradução é como um “processo de reexpressão do sentido que as palavras e frases adquirem no contexto”.
Ladmiral e Costa (1988, p. 283) afirmam que se deve rever a política de ensino de línguas, pois "[...] uma concepção mais ampla, mais cultural e crítica pode colocar a tradução como um dos meios mais eficientes de se estar permanentemente atento às diferenças em relação à língua (e à cultura) estrangeira".
De acordo com Costa (op. cit.), esse processo pode ser muito útil para se perceber e superar as dificuldades de ensino/aprendizagem. É importante salientar que a discussão em torno da eventual importância de se utilizar a tradução em sala de aula se limita ao que Jakobson (1969) chama de tradução interlingual ou tradução propriamente dita, ou seja, a tradução de uma língua de partida para uma de chegada.
É necessário também, como sustentam Rivers e Temperley (1978, p. 321-25), distinguir os vários aspectos do problema da tradução (retextualização da LE para a LM) e da versão (retextualização da LM para a LE):
1- A língua de partida: caso a tradução seja da língua materna para a estrangeira e vice-versa;
2- O tipo de tradução: se tradução oral ou escrita;
3- O tipo de utilização: se a tradução é utilizada como estratégia de aprendizagem ou como mero instrumento de avaliação.
Existem outros importantes teóricos que se posicionaram a favor dela. Rinvolucri (2001), a este respeito, sustenta que “[…] usando-se a língua materna de uma forma judiciosa e altamente técnica nas salas de aula de inglês como língua estrangeira permite-se ao aluno disponibilizar plenamente a sua inteligência lingüística [...]”
Inclusive, Atkinson (1987, p. 241) faz uma lista de todos os usos apropriados da L1 (ou LM) em sala de aula de L2 (ou LE):
1. Elicitar a linguagem: “Como se diz ‘X’ in L2”;
2. Verificar a compreensão;
3. Dar instruções complexas nos níveis básicos;
4. Cooperar em grupos: os alunos comparam e corrigem as respostas de exercícios ou tarefas na     L1;
5. Explicar a metodologia da sala de aula em níveis básicos;
6. Usar a tradução para esclarecer um item lingüístico recém-ensinado;
7. Verificar o sentido: se os alunos escrevem ou falam alguma coisa na L2 que não faz sentido, eles devem tentar traduzi-la para a L1 para se dar conta de seu erro;
8. Testar: a tradução pode ser útil para testar o domínio de formas e significados;
9. Desenvolver estratégias perifrásticas: quando os alunos não sabem como dizer algo na L2, devem pensar em modos diferentes para dizer a mesma coisa na L1, que seja mais fácil a ser traduzida.
 A partir dos benefícios que podem ser extraídos do uso da tradução no ensino-aprendizagem de LE, explicados de forma abalizada por diversos teóricos, entre eles Atkinson (1987), Leffa (1988), Costa (1988), Souza (1999), dentre outros, este artigo visa estabelecer um paralelo entre as teorias sobre a tradução como ferramenta didática com o uso real da tradução feito por docentes em sala de aula nos dias atuais.  

(Fragmento do artigo científico: A TRADUÇÃO COMO ALIADA NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS)
Acadêmicas: Laíza Pitzer, Elisângela Liberatti, Emília Zimmermann, Karine Ramos
Curso de Letras / Inglês - Português - UNISEB - Polo Florianópolis - 2012







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